Entrevista com o novo Presidente do GDPA

Carlos Miguel da Costa Reis Pereira, casado e pai de 2 filhos, ex - atleta do Grupo Desportivo de Porto d' Ave e filho de outro ex-atleta. Trata-se de um jovem empresário que faz precisamente no dia de hoje 32 anos. Mesmo antes de tomar posse, já está a preparar o próximo mandato, como é claro, mas conseguimos em exclusivo a entrevista que agora apresentamos.

Miguel Pereira, é o mais jovem presidente de sempre do GDPA (José Pedro Martins foi Presidente interinamente) . É para si um orgulho?
Não. Orgulho é ter pertencido à última direcção e cumprir todas as minhas funções de forma a olhar para trás e estar de consciência tranquila e de que o meu empenho pelo crescimento do Porto d’ Ave também valeu a pena. Se ao fim dos próximos 2 anos de mandato puder dizer o mesmo, aí sim, terei um grande orgulho.

Que ideias tem para os próximos 2 anos?
Tantas…tenho consciência que não poderemos fazer tudo quanto o Porto d’ Ave necessita, nem sequer agradar a todos... Sempre tive algumas ideias diferentes de muitos sócios em relação à gestão do Porto d’ Ave e nunca as escondi. Mesmo assim propuseram-me para liderar a direcção, desde jovens atletas das camadas jovens às pessoas com os cargos mais importantes. Não queria, mas quando senti tanto apoio, aceitei o desafio. Muitas coisas que a anterior direcção deixou quero continuar, por exemplo o rigor e a transparência das contas… mas fazê-lo da forma mais profissional possível. Outra é a continuação da aposta em todos os escalões de formação, mas exigir maior empenho por parte dos pais e maior respeito pelas instalações nossas ou adversárias, pessoas, veículos… etc. Os nossos atletas têm que ser os primeiros defensores do nosso clube, da sua imagem e bom nome. Vamos continuar a tentar melhorar a organização do futebol jovem, sabendo que vai ser muito difícil. E claro, tentar estabilizar o Porto d’ Ave na Divisão de Honra, num dos campeonatos mais difíceis de sempre: O principal objectivo e motivo do Porto d’ Ave é o futebol sénior e são as vitórias do futebol sénior que mais ajudam ao crescimento do clube. Como alguém diz e bem “ foi o futebol sénior que fundou o Porto d’ Ave”.

É a velha questão entre o apoio ao futebol jovem e o apoio ao futebol sénior…
Pois, mas isso é muito relativo. No que diz respeito aos últimos 2 anos não há 1 escalão sequer com qualquer tipo de razão de queixa relativamente ao apoio da direcção. Cada escalão tem um ou mais directores responsáveis e zelam para que nada falte, sabendo que temos muitas dificuldades, mas cada um deve ser parte da solução e não do problema. Depois, o departamento de futebol deu o apoio que faltava, às vezes com esforço pessoal e financeiro. Nunca o GDPA gastou tanto dinheiro com a formação como no último ano e quando ouvimos críticas em relação ao suposto menor apoio ao futebol jovem sentimos uma injustiça enorme. Aliás, tivemos muitos mais problemas para resolver em relação às camadas jovens do que em relação ao futebol sénior, onde tudo se passa com grande harmonia neste clube…

E como pretende concretizar aquelas ideias relativamente às camadas jovens?
A primeira coisa foi nomear um director-geral para as camadas jovens que será o Miguel Silva. É por ele que passarão todas as decisões, é a ele que incumbirá a organização de todas as camadas de formação. Sei que haverá mudanças ao nível de treinadores e directores…é que todos se esforçam muito e depois vem o cansaço. Ao Miguel Silva cabe arranjar as alternativas e tem toda a minha confiança e apoio dos restantes directores. Outro ponto será obrigatoriamente o da maior responsabilização dos pais dos atletas, pois notamos que o nosso clube é dos clubes que apostam na formação, com menor envolvimento deles. Os pais têm que ser um motor de dinamização do futebol juvenil. Temos alguns, raros, mas bons exemplos que nem vale a pena mencionar os nomes pois quem vive o Porto d’ Ave sabe quais são os pais (até de outras freguesias) que enriquecem também o clube.

E relativamente aos Seniores, como se processará esta época?
Da mesma maneira que o Miguel Silva será responsável pelos mais jovens, o Miguel Cruz é e será o responsável número um pelo futebol sénior e é a ele que cabe quaisquer responsabilidades nesse âmbito, sempre com a minha solidariedade e confiança. A mim compete-me estabelecer os princípios que são basicamente desenvolver um projecto de continuidade relativamente à anterior direcção presidida pelo Sr. António José Silva. O orçamento será muito idêntico, com a nuance de os prémios por vitória poderem determinar o aumento ou diminuição das despesas. Temos sido e continuaremos a ser rigorosos. Aproximam-se tempos de agravamento da crise económica e não nos podemos comprometer com custos que não possamos colmatar com receitas. A aposta na mesma equipa técnica é determinante neste projecto e o Miguel Cruz está a formar um plantel que, respeitando o orçamento, se possa conseguir bater com clubes de maior craveira do distrito de Braga. O objectivo, como é claro, é a manutenção na Divisão de Honra que será uma tarefa difícil certamente.

E nas grandes opções ou investimentos para o futuro do clube. Que ideias tem?
Existe um Pacto de Honra entre todos os presidentes que vão passando pelo Porto d’ Ave de que devem deixar o Porto d’ Ave mais rico do que o encontraram. E todos cumpriram aquele pacto até agora, sendo que a riqueza não será apenas material.
Por exemplo, temos noção que existe uma necessidade de alterar os estatutos, de actualizar os ficheiros de sócios e a sua numeração, de renovar o próprio cartão de sócio, continuar a apostar em situações que renovem a imagem do clube e possam enriquecê-lo financeiramente como foi o caso dos equipamentos novos do ano passado, esforço empreendido pelos directores Armando Sousa e António Fernandes e que foi um sucesso. Depois há a questão das carrinhas, do campo de treinos, do relvado e de vários melhoramentos e manutenção que o nosso complexo desportivo sempre vai precisando… Não posso prometer que conseguiremos fazer qualquer uma destas coisas em concreto, até porque muitas coisas dependem da vontade dos sócios e das entidades públicas…Mas se conseguirmos fazer qualquer coisa, já estaremos a enriquecer o clube.

Relvado sintético ou natural? E para quando?
Sintético claro. Por motivos financeiros e de utilização a todo o tempo e para todos os escalões…
Quando, não sei. Os nossos avós sonharam com a aquisição dos terrenos e fizeram-no, os nossos pais sonharam com a construção da “Grande Bancada” e do Ringue e essas infra-estruturas lá estão… caberá à nossa geração o arrelvamento do campo de futebol…isto claro, sempre com colaboração inter geracional. Só me comprometi para dois anos e o relvado não se consegue “do pé para a mão”.

Na sua direcção conseguiu incluir nas suas vice-presidências dois ex-presidentes do clube e ex-presidentes da Junta de Freguesia de Taíde (Sr, Armando Cruz de Sousa e Sr, Carlos de Castro Pereira). Como se tornou possível isso?
Por três motivos: pela nossa grande vontade em respeitar as figuras do passado e trazê-las para um papel activo no presente e futuro da instituição; pela humildade dessas pessoas em aceitar integrar uma direcção liderada por outra pessoa ainda por cima mais jovem; e quer se queira quer não, pelo especial sentimento das pessoas da terra em relação às “nossas” coisas.
Gostaria de acrescentar que pretendemos assinalar o 30º aniversário com o maior respeito pelos que engrandeceram o Porto d' Ave. Pensamos já em constituir uma Comissão para o efeito, vamos vêr como corre... Mas seria uma festa que bem organizada poderia mostrar aos mais novos a grandeza e ao mesmo tempo as dificuldades que fazem a hitória do Porto d' Ave.


Nota: Entrevista feita por e-mail.



Parabéns, pá.