O GDPA sobe ao Sexto lugar sem jogar...

Esta era a jornada em que nos deslocaríamos a Pico dos Regalados para disputar mais uma partida do campeonato, mas tal como na primeira volta o jogo não se realizou uma vez que este nosso adversário desistiu da competição numa altura em que ainda nem um terço do campeonato estava percorrido. Quando foi anunciada a desistência deste clube ainda não tinha passado um mês que tinham contratado um atleta nosso conhecido, o ex-guardião do Porto d'Ave Abreu, por valores assustadores para clubes desta dimensão. Não entendo como é possível haver clubes nas divisões distritais a serem dirigidos de forma tão irresponsável.

Apesar de histórias como esta serem cada vez mais frequentes no futebol, eu não deixo de me espantar com cada uma, talvez por eu ser adepto e conhecedor da história dum clube que nunca sonhou acordado e sempre deu passos firmes nesta já longa e brilhante caminhada de três décadas que enche de orgulho todos que fazem parte da família Portodavense. Aqui à uns dias, aquando da deslocação dos juniores do Pico dos Regalados ao nosso Parque de Jogos, um elemento da Comissão Administrativa que acompanha estes jovens do concelho de Vila Verde desabafou comigo lamentando-se por não terem colocado um travão no início duma gestão fácil de perceber que traria resultados muito negativos para a instituição a que estava ligado. Dizia que face ao descalabro financeiro que encontraram no clube, a única esperança que depositaram para o salvar a curto prazo era a Camara Municipal de Vila Verde onde recorreram na expectativa de encontrar uma solução para conseguir levar o barco a bom porto. Mas em vez duma resposta, os responsáveis pela gestão do município colocaram-lhes algumas questões que passo a citar: “Acham justo que o orçamento estipulado para apoiar o desporto concelhio seja desviado daqueles que trabalharam e se sacrificaram para honrar os compromissos, como o Vila Verde, o Prado, o Lage, o Vila, o Cabanelas, o Lanhas, o Oleiros, etc, para para pagar gestões irresponsáveis de outros? Não acham que isto abriria um precedente, e a partir daqui os clubes do nosso concelho acomodar-se-iam, pois saberiam onde recorrer no caso de haver uma gestão desastrosa?”

E era com enorme desânimo que o meu interlocutor desabafava, dizendo que não só compreendia a posição tomada pela Camara Municipal de Vila Verde como também achava que não podia ser de outra forma. Acrescentava que agora teriam que trabalhar muito para limpar o nome do Pico dos Regalados e que a esperança do clube eram aqueles jovens que acompanhava. Registe-se que esta equipa de juniores acabou o campeonato em segundo, tendo ficado os jovens de Porto d'Ave num brilhante e honroso primeiro lugar.
A ilusão por vezes faz-nos perder a razão, e aquilo que aconteceu ao Pico dos Regalados acontece a qualquer clube que queira dar passos maiores que as pernas. Que isto sirva de lição, pois nunca devemos seguir por trilhos que nos possam levar a um destino tão negro como este, porque o lugar onde se caminha é importante, mas é muito mais importante a forma como se caminha.

TÍLIA MAIOR